Questionar
a forma atual de promoção das artes na educação é, portanto, tarefapremente a
uma crítica cultural, especialmente, a uma que busque filiarse àquela
inteligência das artes. De maneira concreta, também isso deve ser feito
em atenção a certa episteme
do contemporâneo: a
globalização econômica como um caminho que se declara
irrefutável; a expansão positivada do
capitalismo cognitivo ou
cultural; a debilitação das formas de associação coletiva; a
mercantilização do sistema educacional; e mais particularmente: a escolarização das
artes; a localização crescente das práticas e pesquisas artísticas
no âmbito da universidade; a exponenciação ambígua da educação na
economia das exposições de arte, como o que acompanha uma politização das
práticas artísticas, mas também a transforma em instrumento de marketing; a
apropriação da educação como matéria e maneira de fazer das práticas artísticas
e curatoriais, no que vem sendo chamado de “virada educacional” etc.
Tudo
isso para sinalizar que as artes e a educação encontram-se demasiadamente implicadas
uma pela outra, porém, segundo interesses que nem sempre
têm como plano de atualidade aquilo pelo quê e para o quê as artes propriamente
se fazem; ao menos, de uma perspectiva posterior à "morte da arte",
segundo o que as artes não mais satisfazem nem são depositárias de "nossas
necessidades mais elevadas" (Hegel, 1987, p. 249), restando-lhes assumir
outras funções, propriamente políticas, "de modo algum apropriáveis pelo
fascismo" (Benjamin, 1994, p. 166). Trata-se aqui de evidenciar alguns aspectos
daqueles entrecruzamentos e cooptações, situando minimamente um
problema. De que modo, portanto, reivindicar um papel das artes na educação, para
que tanto não se retroceda ao argumento de suprimi-las, quanto não
se as debilite no ato mesmo que julga promovê-las?
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