quinta-feira, 10 de julho de 2014

MARÉS ALTERNADAS DAS ARTES NA EDUCAÇÃO

Questionar a forma atual de promoção das artes na educação é, portanto, tarefapremente a uma crítica cultural, especialmente, a uma que busque filiarse àquela inteligência das artes. De maneira concreta, também isso deve ser feito em atenção a certa  episteme do contemporâneo: a globalização econômica como um caminho que se declara irrefutável; a expansão positivada do capitalismo cognitivo ou cultural; a debilitação das formas de associação coletiva; a mercantilização do sistema educacional; e mais particularmente: a escolarização das artes; a localização crescente das práticas e pesquisas artísticas no âmbito da universidade; a exponenciação ambígua da educação na economia das exposições de arte, como o que acompanha uma politização das práticas artísticas, mas também a transforma em instrumento de marketing; a apropriação da educação como matéria e maneira de fazer das práticas artísticas e curatoriais, no que vem sendo chamado de “virada educacional” etc.
Tudo isso para sinalizar que as artes e a educação encontram-se demasiadamente implicadas uma pela outra, porém, segundo interesses que nem sempre têm como plano de atualidade aquilo pelo quê e para o quê as artes propriamente se fazem; ao menos, de uma perspectiva posterior à "morte da arte", segundo o que as artes não mais satisfazem nem são depositárias de "nossas necessidades mais elevadas" (Hegel, 1987, p. 249), restando-lhes assumir outras funções, propriamente políticas, "de modo algum apropriáveis pelo fascismo" (Benjamin, 1994, p. 166). Trata-se aqui de evidenciar alguns aspectos daqueles entrecruzamentos e cooptações, situando minimamente um problema. De que modo, portanto, reivindicar um papel das artes na educação, para que tanto não se retroceda ao argumento de suprimi-las, quanto não se as debilite no ato mesmo que julga promovê-las?

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